O Censo Demográfico 2022, divulgado pelo IBGE, aponta um crescimento expressivo no número de adeptos de religiões afro-brasileiras no Brasil. Em dez anos, a proporção de pessoas que se declaram umbandistas ou candomblecistas mais que triplicou, ando de 0,3% para 1% da população brasileira, o que representa um total de 1,849 milhão de fiéis. Este aumento ocorre em um cenário onde a maioria da população religiosa ainda se declara católica (56,7%), mas indica uma valorização crescente da identidade afro-brasileira e um enfrentamento ao preconceito religioso.
Especialistas atribuem esse crescimento a ações que trouxeram maior visibilidade positiva para a umbanda e o candomblé, combatendo estigmas e o racismo religioso. O Babalaô Ivanir dos Santos destaca que, em censos anteriores, muitos adeptos dessas religiões se identificavam como católicos ou espíritas, o que pode explicar o decréscimo nesses grupos no último levantamento. O aumento foi proporcional em todas as faixas etárias, com destaque para o crescimento de 21,9% para 25,9% entre jovens de 10 a 24 anos, resultado de anos de luta contra a intolerância e maior visibilidade cultural.
A professora Christina Vital reforça que o Censo de 2022 reflete campanhas de valorização iniciadas há cerca de duas décadas. Ela também aponta para a significativa presença de pessoas pretas (2,3%) entre os adeptos das religiões afro, o que demonstra uma forte ligação com a identidade racial. Os dados do IBGE evidenciam uma crescente autodeclaração e reconhecimento das religiões de matriz africana no Brasil.